quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ESTES NAMOROS MADUROS

Amadurecer... jamais será envelhecer...
Desde que não o permitamos...
Ósculos e amplexos,
Marcial
ESTES NAMOROS MADUROS
Marcial Salaverry

Não deixa de ser uma coisa interessante que está acontecendo atualmente, pois sem dúvida, esta explosão de namoros maduros, é algo que contraria algumas convicções que sempre existiram, segundo as quais a maturidade representava sempre o fim da vida amorosa.

Até bem pouco tempo atrás, nem sequer se pensava nessa possibilidade. As pessoas que enviuvavam ou se separavam na terceira idade, geralmente se fechavam em suas ostras, e viviam exclusivamente para sua solidão e seus lares.
Não havia vida social, salvo aquelas reuniões familiares, ou então passeios em companhia dos filhos ou netos. Aliás, sempre eram consideradas as babás ideais para os netos quando os pais queriam sair.

De repente, começaram a aparecer os Cecon, ou seja, os Centro de Convivência visando reunir o pessoal da terceira idade, organizando bailes, passeios, viagens, trazendo nova vida para essas pessoas antes destinadas à solidão, e claro, nessas reuniões com esse pessoal com muita sede de viver, e que estava re-descobrindo que a vida vale a pena ser vivida, começaram a surgir alguns romances. Bem à antiga. Tímidos. Cheios de olhares e insinuações. Casais que começavam a descobrir que ainda estavam vivos.

E principalmente, re-descobriram o namoro... Coisa mais linda... Começaram a aparecer casais de terceira, quarta e quinta idades passeando romanticamente de mãos dadas, vivendo novamente romances como em sua juventude,verificando que o amor certamente faz bem para a saúde. Esses idosos rejuvenesceram. Muitos até mesmo esqueceram certos achaques e, para desespero de suas famílias, começaram a querer sair de casa, para viver o romance ao lado de suas parcerias recém descobertas, e dentre esses casais assim formados, são muitos os que deram certo. Alguns foram morar juntos, reconstruindo seus lares. Outros, contudo, preferem continuar mantendo o clima de namoro. Cada qual em sua casa, encontrando-se com frequencia para namorar. Namoro dos tempos modernos, com tudo a que tem direito. Afinal, estão vivos.

Temos ainda outros namoros maduros. Via Internet. Alguém solitário de um lado, alguém solitário de outro, descobrem-se via Internet, começam a "conversar". Descobrem afinidades, começam a namorar. São romances etéreos, virtuais. Certo que existem distâncias que podem dificultar uma aproximação física, torna mais excitante a coisa. Trocam fotos. Trocam confidências.
Como são pessoas vividas, com alguma bagagem, não querem e nem podem agir com precipitação. Qualquer compromisso, qualquer encontro deve ser bem pensado e analisado. Não se pode repetir erros anteriores. E o namoro prossegue.
Acariciam-se à distância. Muitas vezes surge um clima tão romântico, tão gostoso de ser vivido, que acaba se prolongando indefinidamente. É tão bom
sonhar, é tão bom voltar àqueles tempos antigos em que jovens suspiravam
abraçadas às cartas de amor, aos bilhetes recebidos de seus apaixonados.
Agora são os e-mails que produzem tais efeitos.
E as jovens de outrora são pessoas maduras, que descobriram que ainda podem sentir aqueles mesmos sentimentos, aquele mesmo calor interno. E isso é muito bom. Descobrir que estamos vivos, que o coração não morreu. Que podemos amar novamente. Que ainda sentimos aquelas mesmas sensações de antigamente. Que somos mesmo capazes de chorar de amor, de sentir saudade, de sentir falta da pessoa desejada. Enfim, que somos capazes de viver.
Mais importante ainda, diversos casais que começavam a viver, digamos, como irmãos, acabaram se reencontrando, descobrindo que ainda estão vivos e sentem os mesmos desejos de antigamente. Sua sexualidade está mais viva do que nunca. Descobrem-se como eternos namorados.

Estes tempos modernos trouxeram isso de muito bom. Mostraram que ao contrário do que se pensava antigamente, o amor, o carinho, o tesão, não morrem com a idade.

Na semana passada, um casal de amigos nossos que estavam namorando já há alguns meses, participaram aos amigos que iriam viver juntos, e estavam montando um apartamento com tudo novo para a mudança. A idade deles? O noivo feliz tem 82 anos, e a noivinha radiante 78. Conheceram-se num dos bailes do Cecon. Pode haver história mais linda? É comum encontrá-los romanticamente de mãos dadas passeando nos jardins da praia.
Namoro maduro é assim. Sério e efetivo. Não sei bem onde li que os romances surgidos no outono da vida são os melhores, porque são maduros, pensados, resolvidos não no fogo da paixão jovem, mas sim na calma da maturidade.

E, que tal para acompanhar o clima, UM LINDO DIA, cheio de romantismo...

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