segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sequestrado

Seqüestrado.
Ela veio bem devagar e me convidou para tomar um chá.
Fazia frio e chovia naquela tarde como há muito não acontecia.
Ela olhava para mim e me abraçava.
Uma caneca de aço tremia acima da chama do fogão indicando ser retirada para uma mesa.
Comporta com toalha em flores primaveris, a mesa se fazia imponente naquele retangular espaço.
As xícaras em porcelana,  pousavam em pires chatos, quadrados com cantos arredondados.
Saquinhos desciam pelas suas bordas e eram banhados em água fervente.
Ela olhava para mim e apertada minhas mãos.
Duas colheres de mel deslizavam para o fundo das xícaras, deixando doce o que parecia amargo.
Ela me olhou e convidou-me para tomar um chá na minha casa.
Nossas mãos se aqueciam em volta das xícaras quentes que empurravam em nossas gargantas
Aquele que alimentariam nossos corpos por hora.
Lá fora o frio aumentava e ela me a abraçava como com olhos de quem estava perdendo o calor do seu chá.
Ela olhava para mim e me beijava com ternura.
O chá na xícara já havia findado e no fundo ainda marcava um doce gosto do mel.
Ela olhava para mim e me empurrava para o quarto.
Aquele gosto de chá com mel se espalhava pela nossa boca e adoçava nossa língua num beijo longo.
Ela me empurrou para meu quarto
Eu caí em cima da minha cama.
Ela olhava para mim e me beijava.
Ela me sequestrou para o meu quarto.
Lá fora estava frio e a cama quente.

Eu perdi meus sapatos.

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