terça-feira, 24 de abril de 2012

Quando eu me apaixonar ...


Quando eu me apaixonar, tenho certeza, acontecerá numa manhã de outono.
E, deverá ser, exatamente no dia em que o céu estiver pintado de um azul tão intenso, que jamais outro dia igual  irá acontecer.
Quando eu me apaixonar, vai ter que ser pra sempre ou eu jamais me perdoarei por ter sucumbido às tramas ardilosas de um amor tênue, frágil e transitório.
Serei então visitado por um sentimento incondicional, trazido pela suavidade de uma brisa fresca, oriunda de uma terra distante, que sussurrará em meus ouvidos palavras e juras, contando histórias e experiências de uma paixão que aconteceu há muito e que eu jamais haverei de conhecer.
Nesse dia, vou me extasiar com o calor de olhos profundos olhando nos meus, e me enconrajar em dizer coisas que a timidez nunca me permitiu falar
Vou precisar apertar as delicadas mãos da pessoa amada e levá-la a lugares escondidos, conhecidos apenas pela fertilidade da minha íntima e egoísta imaginação.
Quando eu me apaixonar, vai ser de forma simples e clara, apenas denunciada por uma voz trêmula, por um riso nervoso e pelas batidas apressadas e descompassadas do meu pobre e inexperiente coração.
Quando eu me apaixonar, vou ter atitudes de um tolo, me esconder por trás das árvores da praça, e ali, incógnita, desfrutar do privilégio de admirar aquele amor desfilar diante de mim e sentir o seu perfume, mesmo sabendo que estarei com ela daqui a poucos instantes.
Vou entender que ela é a única da espécie e fazer-me acreditar que, qualquer poesia já escrita, é muito menos significativa do que a satisfação de poder dizer, de frente e sem hesitação, do tanto que me preparei e me guardei para esse amor.
E aí, vou dizer do infinito prazer de poder sofrer a dor de amar e me consolar nos delicados gestos da criatura que, de longe, sem saber, me faz tanto fraquejar.
Ah ... !!! Quando eu me apaixonar ...

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