quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ode à manhã

Quando o Sol raia
e os pássaros acordam arrepiando a penugem
quebrando o gelo das asas
que derretendo revelam suas cores.

Quando as primeiras gramas
se inflam pela manhã
desenrolando a pequena e verde coluna vertebral
para a luz das nuvens.

E os rios esquentam as margens de lama
que alimentarão os peixes fluorescentes.
O primeiro brilho dos lagos surge
e a luz que estala sobre a ondulação
corta os ares esquentando o frio que estás
nas pedras preenchidas do rico bronze
que rangem e cantam em lá a finda e fresca
madrugada.

E os animais abrem os olhos
interrompendo os sonhos de repouso
como uma persiana em creme bordada em fino linho
qual se abre e avista os cedros ainda duros pelo frio

As espumas dos líquens e fungos cantam como o coral
de pequenas bolhas no solo, como pequenos anjos de cabelos cacheados entoando ode à vida na cúpula clara.

E as raízes das árvores, como se espreguiçando
saboreassem a argila que jaz na imensidão da crosta entre dois rios
e nos frutos já mordidos
repousassem insetos e bichos tirando o sumo
de suas sementes.

Por fim,
quando no raiar da manhã
de suas pequenas notas lilases
a vida acorda ,qual música quente,
e anuncia a existência de calor
em tudo que é calor
semente, em tudo que é semente,
e VIDA
em tudo que é manhã.

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