sábado, 24 de setembro de 2011

Minha Raiz

Salvador Dali


MINHA RAIZ
Carmo Vasconcelos


Árvore de que descendo, donde provém tua raiz?
De que chão, de que raça, de que distante país…?

Eu te interrogo... porque nesta vida
só reconheço nos teus verdes braços,
meus pais, meus avós e seus cansaços.
Nas tuas folhas, com herança recebida,
reconheço os rebentos meus irmãos,
flores abertas fecundadas entre abraços,
dando frutos espalhados pelo espaços.
E em tua copa frondosa vejo o coração
de uma família enlaçada dando as mãos
aos seus rebentos... que outros rebentos darão.

Mas... teus ramos velhos (a gema, a criação)
donde vieram, quem foram, onde estão?
Quem te plantou pela vez primeira?
Sábio ou mendigo? Rei ou peregrino?
E quem adubou tua madre feiticeira?
Diz-me quem foi… e a cor do seu destino!
Se eu, de ti, árvore, só conheço a rama,
deixa-me cavar fundo em tua cama,
descortinar o berço de teus ocultos ancestrais;
suas eras, seus credos, seus destinos fatais!

Árvore de que descendo, donde provém tua raiz?
De que chão, de que raça, de que distante país…?

***
Lisboa-Portugal

***
1º. Prémio de Poesia Livre
Jogos Florais da Ordem Rosacruz-AMORC/1996



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